edição número 37 - newsletter Buteco do Edu
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DOMINGOS E ABRIS
27 de abril de 1969 caiu em um domingo.
No sábado - papai trabalhava em regime de plantão na Reduc (Refinaria Duque de Caxias) - meu pai, que nunca fez uso de psicotrópicos, teve uma visão durante a madrugada de sábado para domingo.
— O curumim nasce hoje! - foi o que disse a ele um caboclo de cocar colorido na cabeça, e papai vira apenas o tronco de Tupinambá, que anos depois se apresentaria a meu pai em um terreiro de umbanda, fazendo dele, e por muitos anos, seu cavalo.
Mamãe, que havia estado com ele em uma consulta com o médico que acompanhava a gestação do primeiro filho dos dois na véspera, disse muxoxando logo após o relato feito por meu pai, ainda assustadíssimo:
— Imagina! Você está impressionado. O doutor Lambari foi categórico: o bebê nasce em maio.
Isaac, meu pai, foi enfático:
— Não vou trabalhar. O bebê nasce hoje.
— Ora, vá! Não me amole. Vá se trocar e tomar o ônibus, ou você se atrasa! Quer perder o emprego?! - ela se referia ao ônibus que a Petrobras disponibilizava para os funcionários e que saía da esquina das ruas Barão de Mesquita (onde eles moravam) com a São Francisco Xavier.
Papai foi.
Aflito, mas foi.
Chegando à Reduc, coisa de uma hora depois, foi recebido pelo chefe do RH:
— Volte correndo! A bolsa de sua esposa estourou, ela já foi para a maternidade e seu bebê está a caminho.
Quando Isaac chegou à maternidade do Hospital da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, na Tijuca (onde mais?!), eu estava quase nascendo. Ele ainda teve tempo de dizer à mamãe, já na maca:
— Viu?! - orgulhoso.
— Vi, vi, sim! - vovó jurava que ela respondeu já grogue por conta da anestesia.
Nasci num domingo e, 56 anos depois, o 27 de abril cai num domingo de novo.
E de novo, durante todo o mês de abril, que começa hoje, sou (e estou) como o menino da foto acima (tema que é, evidentemente, tratado seriamente nas sessões de terapia a que me submeto desde 2011).
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